Uma matéria publicada no site Observatório da Imprensa comenta uma declaração de Ignácio Ramonet:
Em entrevista a Cláudia Antunes, editora de Internacional da Folha de S.Paulo, Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, proclamou a necessidade da criação de observatórios da imprensa na América Latina. Seu principal argumento: a mídia é o único poder que não dispõe de um contrapoder.
"Os observatórios não têm o objetivo de censurar ou corrigir, mas de submeter os meios aos critérios de funcionamento jornalístico que eles próprios definem." (Folha, 18/11, pág. A-32)
O site diz que o contrapoder à mídia precisa ser feito pela própria audiência, pelo público que é o referente das mensagens e não por jornalistas ou profissionais de comunicação:
Pena que Ramonet não pegou o espírito da coisa: o seu contrapoder e os seus observatórios "seriam formados por jornalistas, professores de comunicação e leitores", enquanto que o conceito norteador deste Observatório da Imprensa é menos elitista, mais social, público.
Agora que estamos chegando ao fim do semestre da matéria Mídia e Poder, acredito que vale fechar o assunto voltando aos questionamentos iniciais: afinal, o público consegue exercer o contrapoder? Ou é facilmente influenciado pelo direcionamento que a mídia deseja? Conseguimos responder essas perguntas?
As aulas me ajudaram a evitar parcialidades, mas, sou um pouco cética sobre se os brasileiros realmente são isentos da influência da mídia e se conseguem questioná-la. Desde as roupas que usamos e até em quem votar, vejo a forte influência dos meios de comunicação.
Assim, de que forma poderíamos exercer o contrapoder? Como estudantes e profissionais de comunicação podemos nos achar isentos da influência, mas, será que somos mesmo?
Acredito que vale aqui mais reflexão sobre o assunto que não se encerra nesse semestre, mas que é parte importante de nosso cotidiano profissional.
domingo, 25 de novembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Ale, eu acredito que o relacionamento dos brasileiros com a mídia, em grande parte das vezes, é acomodado e baseado em estereótipos. Cansei de ler e ouvir por aí inúmeras reclamações de que a imprensa é a culpada por isso, está aumentando aquilo, está perseguindo aquele outro. O contrapoder que o leitor brasileiro exerce, sendo assim, é nulo. As únicas pessoas que eu vejo prestando atenção à mídia de maneira mais consciente são aquelas que, de algum modo, estão envolvidas com ela. Do contrário, nada mais do que senso comum, muitas vezes baseado na distorção de alguma opinião mais consciente e enfática. Minha opinião: não, o brasileiro, no geral, não é capaz de exercer um contrapoder em relação à mídia. Até que essa situação mude, talvez sejam necessários mais observatórios, como sugeriu Ramonet. Mas, falo aqui de órgãos isentos, e que contem, além dos leitores, também com quem faz parte da mídia. Nada parecido com o Conselho Nacional que o atual governo tentou implementar no seu primeiro mandato. É uma questão de conscientizar a mídia com base nos seus públicos-alvo, e não de controlá-la.
Olá ALê,
Lendo seu post lembrei da discussão qeu levantamos no miniseminário sobre jornais gratuitos.
Quando Ramonet diz que com a confusão da imprensa com a cultura de massa e com a propaganda ela se
contamina, perde a "vocação ética de educar o cidadão ou de informar... o cidadão, pois tem essencialmente e antes de mais nada uma perspectiva comercial".
E que "As grandes firmas midiáticas presenteiam informação... Antes podíamos dizer que uma empresa jornalística vendia informação aos cidadãos... enquanto hoje... vende consumidores a seus anunciantes".
Antes o contrapoder estava em iniciativas inusitadas de informação comprometidas com o bem estar social e a cidadania: "uma atitude militante diante da pressão midiática consistiria em dar gratuitamente a informação que eles vendem, mas... [hoje] eles já o fazem."
Onde estará o contrapoder agora?
Talvez, nos blogs de Mídia e poder?!
RAMONET, I. O poder midiático. In: Moraes, D. Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2003.
Postar um comentário