quarta-feira, 26 de setembro de 2007


''''New York Times'''' deixa de cobrar por conteúdo na web

Nova York - O jornal The New York Times deixou, desde ontem, de cobrar pelo acesso a algumas partes de seu website, que agora é inteiramente gratuito. A iniciativa foi tomada dois anos depois do lançamento do programa de assinaturas TimesSelect, que cobrava US$ 49,95 por ano ou US$ 7,95 por mês pelo acesso aos textos dos colunistas e aos arquivos. O TimesSelect era gratuito para assinantes da versão em papel e alguns estudantes e educadores.

Além de abrir o site inteiro, o Times disponibilizou gratuitamente os arquivos a partir de 1987, assim como o material editado de 1851 a 1922, que está em domínio público. Parte do material do período de 1923 a 1986 será cobrada. O jornal afirmou que o TimesSelect atendeu às expectativas, atraindo 227 mil assinantes - de um total de 787 mil leitores com acesso ao programa -, com uma renda anual de cerca de US$ 10 milhões.

"Mas nossas projeções de crescimento dessa base de assinantes eram baixas em comparação com o crescimento da publicidade online", disse Vivian L. Schiller, vice-presidente e diretora do site NYTimes.com.

A mudança, afirmou o jornal, foi que muito mais leitores estavam chegando ao site vindos de portais de busca e links em outras páginas, em vez de acessar diretamente o NYTimes.com. Esses leitores indiretos, sem acesso aos artigos cobrados e menos propensos a pagar taxas de assinatura do que os leitores diretos e mais leais, foram vistos como oportunidades para mais visitas e mais receitas com publicidade. "O que não esperávamos era que uma parte tão grande de nosso tráfego seria gerada pelo Google, Yahoo e outros sites", disse Vivian.

O NYTimes.com recebe cerca de 13 milhões de visitantes únicos por mês, segundo a Nielsen/NetRatings - muito mais que qualquer outro site de jornal. Vivian não informou qual é a expectativa do jornal de aumento do tráfego e da receita com publicidade em conseqüência do fim da cobrança. Quem pagou adiantado pelo acesso ao TimesSelect será reembolsado proporcionalmente.

Colby Atwood, presidente da empresa de pesquisa de mídia Borrell Associates, disse que sempre houve razões para questionar o modelo pago de sites de notícias e que as dúvidas aumentaram com o tráfego e a renda da publicidade online.

"O modelo da receita com publicidade, comparado à renda com assinantes, é muito mais atraente", disse. "O modelo híbrido tem algum potencial. No longo prazo, porém, a parte de publicidade predominará." Além disso, segundo ele, o Times tem sido especialmente hábil no uso das informações recolhidas sobre os leitores online para direcionar anúncios especificamente a eles, aumentando seu valor para os anunciantes.

WALL STREET

O Wall Street Journal, publicado pela Dow Jones & Company - recentemente comprada pela News Corp. -, é o único grande jornal dos EUA que cobra pelo acesso à maior parte de seu website - cobrança que começou em 1996. O Journal tem quase 1 milhão de leitores online pagantes, rendendo cerca de US$ 65 milhões. Esse modelo, porém, também parece estar com os dias contados. Na terça-feira, o presidente da News Corp., Rupert Murdoch, disse estar inclinado a tornar gratuito o serviço online do jornal, embora não tenha fixado uma data para isso acontecer. "Parece ser esse o caminho para o qual estamos indo", disse Murdoch a investidores em uma conferência em Nova York.

O Financial Times cobra pelo acesso a materiais selecionados online, como fazia o New York Times. O Los Angeles Times, por sua vez, experimentou esse modelo em 2005, cobrando pelo acesso à seção de artes, mas o abandonou rapidamente ao constatar uma queda brusca no tráfego online. (Estado de S.P - 20/09/07)

Um comentário:

João Paulo Denófrio disse...

Se o excesso de publicidade pode ser uma ameaça à imprensa, esta decisão do NY Times mostra que tudo possui um lado bom. É preciso aproveitar a "garantia" de lucro dos anunciantes e aproveitar para acessar o conteúdo antes restrito. Quem sabe esta não é uma amostra de que no futuro as reportagens exclusivas e especiais não serão apenas voltadas para um público que paga 49 dólares.