sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O fim da privacidade?


Site de buscas 'fofoqueiro' revela detalhes da vida alheia


Mais do que o Google, o site de buscas Pipl quer saber o que você fez (virtualmente) no verão passado. Já teve uma conta no comunicador instantâneo ICQ, aquele da pré-história da internet? Ele mostra. Criou um perfil nas redes sociais MySpace, Friendster, Twitter ou LinkedIn? Está lá. Teve seu nome citado em algum trabalho acadêmico ou escreveu algo no site de compras Amazon? Ele também divulga. Fez um álbum de fotos no Flickr? Ele exibe.

Alguns posts abaixo, a Priscila publicou uma matéria sobre pessoas que têm seus rostos mudados com o Photoshop. Nos comentários, eu falei sobre a grande diferença entre o mundo real e o virtual, a questão da privacidade. A matéria acima mostra exatamente como esse, que considero um problema, está evoluindo.

Cada vez mais a internet se mostra um espaço que não inspira confiança. Não bastasse o fato de ser um meio no qual a identidade fica em suspensão, agora, também se coloca como um inibidor de relacionamentos. Quem vai conseguir estabelecer uma amizade, trocar telefones, passar seu e-mail ou o endereço de casa para alguém que não se sabe quem é e em um canal no qual não se sabe quem está vendo?

Fiz alguns testes no Pipl, por mim mesmo e por alguns amigos. Não consegui achar quase nada. Pelo menos por enquanto, o serviço parece ser um tanto restrito, mas acredito ser algo que não se deve arriscar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O espetáculo do rebaixamento e o mito do país do futebol

Marília Martins Bandeira

É impressionante a repercussão do rebaixamento do Corinthians. E, como já postou a Priscila, suscita debates delicados. Neste momento, penso no Corinthians enquanto mito do futebol e também no futebol como mito do brasileiro.

Pensando o fenômeno Esporte na sociedade contemporânea e sua repercussão na mídia, podemos explorar na abordagem estruturalista da Comunicação o referencial mítico de Roland Barthes. E no Brasil, o futebol parece ser o mais forte mito contemporâneo.

Mito, para o autor, é um sistema semiológico, um discurso através do qual as sociedades se expressam e uma forma existencial se perpetua. A narrativa mítica distorce o dado a seu favor, mas não é essencialmente uma mentira, é uma inflexão, uma leitura de determinada época e grupo social.

Com o advento da imprensa, uma fala pode ser posta, em larga escala, a serviço de uma ideologia. Os mitos, não mais elaborações arcaicas, são provocações de comportamentos que levam ao consumo. A indústria cultural é também uma indústria mitológica. E o consumidor de mitos está também aí para a mídia esportiva. Nosso herói Pelé e anti-herói Romário, Macunaíma no futebol, são construções midiáticas que correspondem a necessidades sociais e motivações pessoais distintas.

Da forma identificável do mito podemos destacar três características principais no que se refere ao Esporte. A primeira é que o mito pretende transformar fatos históricos em naturais, assim a prática do futebol no Brasil é dada ignorando sua origem inglesa e elitista. Confundem-se na linguagem jornalística os conceitos garra, raça e nação, mantendo a idéia da habilidade futebolística como inerente a todo e qualquer brasileiro, desde sempre.

A segunda é que a narrativa mítica confere formas de dever a atributos pessoais ou circunstanciais, assim a prática do futebol se torna requisito indispensável à formação da identidade masculina brasileira, o que faz excluir a prática feminina e confere enorme status ao jogador profissional.

E a terceira, é a recorrência do discurso mítico, sua repetição incessante, que no Brasil aparece não só no jornalismo especializado como nos noticiários, telenovelas, conversas informais, manifestações artísticas e discussões acadêmicas.

É evidente que esta discussão é excessivamente densa para uma lauda, mas propor uma análise crítica da construção mitológica, e em específico do mito do futebol no Brasil, decifrar esta fala, implica reconhecer no mito antes um conjunto de valores que pode revelar formas de compreender a sociedade que o produz e depois uma maneira como se profere uma mensagem, muitas vezes mercadológica.
A desmistificação é com certeza um caminho para o entendimento do fenômeno esportivo contemporâneo face à corrida da informação e do consumo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Renovação da CPMF mobiliza autoridades e imprensa




A imprensa brasileira tem se esforçado na cobertura dos debates, quase infinitos, sobre a renovação da CPMF até 2011. Em poucas ocasiões, na história recente da política, foram ouvidas tantas opiniões. Os jornalistas colhem opinões de governadores, senadores, deputados, ex-políticos, economistas. Tanto que isto provoca ainda mais indecisão no Congresso. Para Rolf Kuntz, do Observatório da Imprensa, a guerra aumentou ainda mais quando o presidente Lula saiu do Palácio da Alvorada e decidiu entrar no fronte de batalha.



O problema é que dentro do Congresso a guerra é política. A oposição não cede e ameaça acabar com os planos do presidente Lula de que a CPMF fique por mais tempo em vigor. E neste conflito, Lula já chegou a fazer discursos enfáticos: "Aqueles que votarem contra o imposto do cheque terão que arcar com as conseqüências". Os jornais publicam várias matérias, cada vez mais abragentes, sobre os impactos do fim do imposto ou da permanência dele. Isto pode colaborar com as discussões sobre o assunto e dar margem a novos pontos de vista.



Afinal, o imposto é necessário ou está na hora de exterminá-lo?

O vencedor da batalha foi a oposição que conseguiu acabar com a renovação da CPMF. Isto significa 40 bilhões de reais a menos nos cofres públicos. Desesperada, a base governista deverá suspender o recesso parlamentar a fim de definir como será coberto este rombo. O contribuinte brasileiro será, mais uma vez, prejudicado porque a tendência é que haja aumento de outros impostos.
Uma coisa é certa: o grande debate em torno da renovação do imposto do cheque mexeu com as mais variadas correntes economistas, empresariais, civis e midiáticas. Além disso, ocorreu o princípio das discussões sobre a tão esperada reforma tributária, que poderá tirar o Brasil do topo do ranking dos países que mais pagam impostos.
Acredito que sua criação, em 1996, a CPMF não era colocada em xeque como agora. O resultado é bom porque deixa claro ao brasileiro a quantidade de dinheiro que é obrigado a dar ao Estado.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Fama na web sem querer

No último dia 7, um chinês enfim ganhou o "direito" de ser matéria depois que sua foto, quando colocada na web - já há algum tempo, serviu para várias facetas photoshopadas, sendo até chamado de "rei" na internet.
O jovem, chamado Qian Zhijun, tem hoje 19 anos e é atendente em um posto de gasolina em Pequim.

Veja a matéria aqui, mas algumas fotos interessantes neste link: (tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI2132775-EI4802,00.html)


Tratamento transforma e dá fama a fotos na web

Não é preciso muito: uma expressão divertida, uma pose inusitada e os maníacos do Photoshop (programa de tratamento de imagens) logo a transformam em uma imagem famosa na Internet, com milhares de variações - sempre muito divertidas. Selecionamos algumas, confira (no link).
Uma imagem divertida é a de Hillary Clinton, com uma expressão que inspirou alguém a transformá-la em parente do nojento Beetlejuice, personagem do filme Os fantasmas se divertem.
Outra, muito famosa, mostra o garoto chinês Qian Zhijun, que virou "o rei" das paródias na web, tendo seu rosto colocado no Monte Rushmore entre os presidentes dos EUA, em cartazes de filmes e muito mais.

O poder do Timão...


Demoraram uns dias para comentar este assunto, pois a correria do final de ano está a toda e pq não achava a matéria que queria usar neste post... mas achei e não poderia deixar de comentar... os Corinthianos que me desculpem!
Todos já sabem – mesmo quem não gosta de futebol – que o Timão foi pra Série B do Brasileirão (2ª divisão) para o ano que vem... mas o fato que merece uma discussão aqui é o poder que o Corinthains tem na mídia – principalmente na grande Rede Globo: o canal alega que, pelo Timão ser a segunda maior torcida do país, merece ter seus jogos televisionados para que os torcedores continuem vendo os lances do time na telinha da Tv – Globo!
Porém, como diz no trecho de uma matéria do JC Online, “a Rede Globo confirmou que vai retomar da Rede TV! os direitos de transmissão da Série B para Tv aberta, mas para transmitir apenas os jogos em que o Corinthians estiver em campo. Os executivos da emissora sabem da importância da torcida do clube, a segunda maior do Brasil, atrás apenas da do Flamengo e não estão dispostos a perder essa importante fatia da audiência”.
Aí é que está o fato que me incomoda... se a emissora vai retomar os direitos, pq não passar os outros jogos também?! Vai privar os telespectadores de assistirem a outros jogos – que são interessantes para uma outra parcela de pessoas... este é o ridículo poder que “os grandes” têm, sem realmente se importar com os outros e a desculpa do Corinthians ser a segunda maior torcida do Brasil e merecer a atenção é maquiada, já que o que interessa mesmo aí, é dinheiro.
A matéria aqui comentada está neste link: http://jc.uol.com.br/2007/12/03/not_155636.php

domingo, 25 de novembro de 2007

Ramonet e o contrapoder

Uma matéria publicada no site Observatório da Imprensa comenta uma declaração de Ignácio Ramonet:

Em entrevista a Cláudia Antunes, editora de Internacional da Folha de S.Paulo, Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, proclamou a necessidade da criação de observatórios da imprensa na América Latina. Seu principal argumento: a mídia é o único poder que não dispõe de um contrapoder.

"Os observatórios não têm o objetivo de censurar ou corrigir, mas de submeter os meios aos critérios de funcionamento jornalístico que eles próprios definem." (Folha, 18/11, pág. A-32)

O site diz que o contrapoder à mídia precisa ser feito pela própria audiência, pelo público que é o referente das mensagens e não por jornalistas ou profissionais de comunicação:

Pena que Ramonet não pegou o espírito da coisa: o seu contrapoder e os seus observatórios "seriam formados por jornalistas, professores de comunicação e leitores", enquanto que o conceito norteador deste Observatório da Imprensa é menos elitista, mais social, público.

Agora que estamos chegando ao fim do semestre da matéria Mídia e Poder, acredito que vale fechar o assunto voltando aos questionamentos iniciais: afinal, o público consegue exercer o contrapoder? Ou é facilmente influenciado pelo direcionamento que a mídia deseja? Conseguimos responder essas perguntas?

As aulas me ajudaram a evitar parcialidades, mas, sou um pouco cética sobre se os brasileiros realmente são isentos da influência da mídia e se conseguem questioná-la. Desde as roupas que usamos e até em quem votar, vejo a forte influência dos meios de comunicação.

Assim, de que forma poderíamos exercer o contrapoder? Como estudantes e profissionais de comunicação podemos nos achar isentos da influência, mas, será que somos mesmo?

Acredito que vale aqui mais reflexão sobre o assunto que não se encerra nesse semestre, mas que é parte importante de nosso cotidiano profissional.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O aquecimento global é mentira?

Na última edição do Fantástico (18 de novembro), da Tv Globo, foi exibida uma matéria que mostra cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, se contradizendo em relação ao aquecimento global. Depois de afirmarem o problema na Terra, agora dizem que é tudo mentira.
Estórias como essa não são novas. Já ouvimos que cientistas norte americanos foram pagos para mentir em relação a pesquisas realizadas,
entre outros assuntos e, mais uma vez, cientistas foram até a mídia para provocar no mínimo, contradições e confusões. O que acham?

Abaixo, alguns trechos da matéria. O texto na íntegra, está no site:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1662336-4005,00.html.

É TUDO MENTIRA?
Os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC, da ONU, fizeram esta semana sua quarta e última reunião do ano. Eles reafirmaram o que foi a pior notícia de 2007, talvez do século: a Terra está em aquecimento acelerado e a culpa é nossa, do ser humano.
Ganharam o prêmio Nobel da Paz, mas não a unanimidade. Alguns cientistas ainda desconfiam da gravidade do problema e questionam os estudos do IPCC. Recentemente eles foram ouvidos pela televisão inglesa em um documentário que começa assim: "Em todo lugar você escuta falar que está absolutamente comprovado que o homem é o responsável pelas mudanças climáticas. Mas o que estão dizendo por aí é mentira."
A Terra está ficando de fato mais quente, mas a causa não é o gás carbônico, diz o professor Tim Ball, da Universidade de Winnipeg, no Canadá. O documentário inglês procura dar um nó em tudo que aprendemos sobre mudanças climáticas. Para eles, o clima da Terra sempre sofreu variações. O aquecimento que estamos vivendo seria natural.
Mas tudo o que é dito no documentário "A fraude do aquecimento global" é contestado pelos cientistas do IPCC, o grupo premiado com o Nobel.
(...)
Se, como dizem os críticos do aquecimento, o CO2 não é a causa do aquecimento global, então, por que a temperatura média na Terra aumentou quase um grau nos últimos 150 anos? Para o pessoal do documentário o motivo está no céu: um aumento da atividade solar.Quem diz "mentira!", agora são os cientistas do IPCC. Em seus estudos, eles já levaram em conta a radiação solar.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Parabéns pra nós!


Feliz terça-feira pessoal!
Ontem, com a apresentação de nosso seminário do livro O direito à ternura - de Restrepo, pudemos nos sentir aliviados e ter o sentimento de "dever cumprido", com um sorriso estampado no rosto de cada um... (ou estou errada, grupo?! rs)
No intervalo, as críticas foram muito boas: "Nossa, adorei o seminário de vocês"; "Gostei, foi diferente e bem interativo"; além de ter agradado nosso querido professor Dimas, que com seu jeito discreto, demonstrou satisfação por nosso trabalho - como pude perceber em alguns momentos durante a apresentação.

Hoje, para descontrair, vou postar o poema que eu (Priscila) e Marina lemos ontem - que retrata bem o "jeito Restrepo de mostrar como as pessoas têm receios em relação à ternura". O poema é de Fernando Pessoa, poeta que Restrepo cita em um dos primeiros capítulos do livro.

E mais uma vez, parabéns pra nós!!! =)

Por Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

"Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor
É que são Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas)."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Rede Record compra afiliada do SBT em Santa Catarina

Ainda que não confirme oficialmente, a Rede Record adquiriu a afiliada do SBT em Santa Catarina. Agora, a rede de Edir Macedo terá geradoras em Florianópolis, Blumenau, Joinville e Chapecó. Anteriormente, a empresa contava com três afiliadas. Agora, a afiliada em Florianópolis passará a transmitir a Record News e as de Xanxerê e Itajaí permanecerão com a programação da Record daqui a 90 dias.
O SBT já havia perdido geradoras em Sergipe, Alagoas e Amazonas.

Informações do jornal Folha de S. Paulo, publicadas pelo site "Comunique-se - O portal da comunicação".

Audiência de sites de jornais nos EUA aumenta



As versões online dos jornais norte-americanos tiveram um aumento de audiência de 37,1% em relação a 2006. De acordo com uma pesquisa da Associação dos Jornais dos EUA, mais de 59 milhões de pessoas visitaram os sites de periódicos dos EUA. O número representa 37,1% dos usuários do país.
O tempo de permanência nas páginas também aumentou em 4%, totalizando 43 minutos em média. Esse aumento pode ampliar a publicidade online para os jornais já que um dos critérios é o tempo mínimo de usuários nas páginas. Alguns grupos de mídia como o Tribune, Ganett e McClatchy divulgaram um aumento em sua publicidade digital ao mesmo tempo em que suas versões impressas estão com problemas para atrair anúncios.
A pesquisa revela que aproximadamente 78% dos leitores de jornais consideram mais fácil encontrar a informação de que precisam na web. O estudo enumerou a média da faixa etária em 39 anos. A maioria tem formação superior e renda média acima dos US$ 70 mil.

As informações são da agência EFE, publicadas pelo site "Comunique-se - O portal da comunicação"

domingo, 4 de novembro de 2007

A TV vai acabar?

Complementando o texto sobre os digital natives , encontrei essa matéria http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u340107.shtml na qual o diretor João Lavigne do novo programa da Globo, O Sistema, demonstra preocupação com o público de vídeos na internet.
Assim como a questão do fim dos jornais impressos tem sido discutida, a TV parece seguir o mesmo caminho. O texto sobre os digital natives fala que essa discussão foi levantada em um festival internacional. A matéria sobre a nova série da Globo me chamou a atenção especialmente por esse trecho: "Lavigne disse ter, pessoalmente, uma preocupação com o público cada vez mais acostumado a ver vídeos na internet. No entanto, a estratégia de promoção da série não focou de maneira ostensiva o suporte."
Será que agora é tempo de discutir o fim da TV?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O texto a seguir foi produzido por integrantes do Observatório de Favelas após debaterem o filme 'Tropa de Elite'.



O filme "Tropa de Elite", desde a distribuição e a comercializaçã o de cópias piratas até o seu lançamento oficial, suscita debates e polêmicas sobre a atuação do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o Bope, e sobre as políticas de segurança pública para o combate ao crime, em especial, ao tráfico de drogas e de armas nas favelas e espaços populares da cidade.

Este artigo pretende avaliar o modo como o filme apresenta e relaciona diversas situações, espaços e personagens, que são representações do mundo real da segurança pública no Rio de Janeiro.

No ponto de vista e nas opiniões do personagem Capitão Nascimento, construído pelo diretor com base em entrevistas com policiais e oficiais do Bope, percebemos elementos de uma mentalidade largamente difundida nesse grupamento e na sociedade de modo geral.

Uma primeira análise diz respeito à forma como Nascimento e seus colegas demonizam o usuário de drogas, apontado como financiador e culpado pelo tráfico e pelos crimes vinculados ao tráfico.
Assusta saber que essa visão superficial e maniqueísta do problema está em sintonia com a de policiais e autoridades de segurança e tem a simpatia de parte do público que assiste ao filme. O próprio governador do Rio já se declarou a favor da revisão da lei sobre o consumo de drogas, enquanto especialistas de todo o mundo apontam a perversidade do enfoque policial e defendem que o tema seja tratado como de saúde pública.

Não menos superficial é a caricatura lamentável das ONGs e movimentos sociais retratada no filme. Eles aparecem como um grupo de estudantes e voluntários deslumbrados, que distribuem camisinhas, dentre outras ações de caráter educativo e assistencial, ao mesmo tempo que servem de cabo eleitoral de candidatos eleitorais e se aproveitam de sua proximidade com o tráfico para eles mesmos revenderem a droga para os pares universitários da classe média.

Hoje, muito pelo contrário, a sociedade civil se constitui como um dos poucos canais de diálogo e articulação entre poder público, iniciativa privada, organismos de cooperação internacional e as diversas associações comunitárias. A grande maioria das ONGs e movimentos sociais são atores chaves para proposição, implementação e avaliação de projetos e políticas públicas nos espaços populares, contribuindo para o cumprimento de princípios constitucionais democráticos.

Capitão Nascimento, seus colegas fictícios do filme e também os da vida real agem e pensam dessa forma muito por causa do processo de treinamento ao qual foram submetidos para se tornar "caveiras". Formação esta centrada na exacerbação da cultura militar e na celebração da morte, cantada nos exercícios e reafirmada nas cruzes fincadas a cada abandono dos aspirantes, chamados de fracos ao desistirem de se tornar assassinos frios, cruéis e impiedosos nas incursões policiais.

Esse treinamento resulta numa visão simplista e beligerante da sociedade, calcada numa gama de preconceitos sobre estudantes, universidades e, principalmente, favelas. Os moradores dessas comunidades não têm voz nem espaço, são afrontados, têm suas crianças sob a mira de pistolas e fuzis, suas casas invadidas. Enfim, são cidadãos que têm seus direitos desrespeitados. Cidadania esta que deveria ser protegida pelos policiais e é desconsiderada pelos mesmos.
Diante disso, o mais chocante de toda essa polêmica gerada pelo filme é a aceitação manifestada pelos espectadores diante do uso de métodos de tortura, humilhação, constrangimento de moradores, truculência e propagação da morte entre as casas, ruas e becos nos diversos espaços populares da cidade.


Essa aprovação pública evidencia como estamos mal no Rio de Janeiro. Mal de polícia, mal de segurança pública e, o que é pior, de tão mal, já distorcemos o entendimento do que pode ou não ser considerada uma tropa de elite.

imagem: Ratão Diniz / Imagens do Povo

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mc kosher
Quando se sabe que Buenos Aires abriga a maior comunidade judaica da América Latina, com 250 mil pessoas, a escolha do Mc Donald’s para abrir sua única loja no continente parece óbvia. Localizada no shopping Abasto, na região central, a loja é realmente diferente - e os sanduíches também. Movido pela curiosidade, fui conferir como é o fast-food judaico.
De fora, a loja é semelhante, não fosse pelo luminoso que anuncia: kosher. Isto é, toda a comida é feita de acordo com preceitos e regras muito rígidas da religião judaica.
Não se pode, por exemplo, comer carne de porco. Então o sanduíche que leva esse ingrediente foi riscado do cardápio. Tampouco se pode misturar derivados de leite e de carne. A solução encontrada foi tirar o queijo dos sanduíches. Coitado do cheeseburger!
Diferentemente das lojas comuns, aqui os doces são feitos por uma padaria casher. São trazidos todos os dias por um funcionário.
Outra diferença: a loja não abre aos sábados, um dos dias de maior movimento no shopping. É que esse dia é o shabat, o dia de descanso dos judeus na semana.

Eu pedi um Big Mac, sanduíche clássico da rede. O gosto? Quase igual ao sanduíche comum - só achei a carne um pouco menos gordurosa do que o normal.
Depois de comer, eu soube pela atendente que a carne de vaca usada para fazer o hamburger também é produzida de acordo com os preceitos da comida kosher. Também vi na parede a autorização de um rabino, certificando a comida oferecida na loja como “casher autêntica”.
Balanço da brincadeira: para mim, que sou um judeu não muito antenado com os preceitos religiosos e adoro misto-quente e cheeseburger, quase não houve
diferença. Mas foi impossível não reparar que a loja ao lado, da concorrente Burger King, recebeu dez vezes mais pessoas nos 40 minutos que passei na praça de alimentação do shopping.
Como chegar: O Mc Donald’s kosher fica no shopping Abasto, na avenida Corrientes, 3.247. A melhor forma de chegar lá é pegar a linha B do metrô e parar na estação Carlos Gardel - que te deixa no subsolo do shoppping. Mas lembre-se: não vá aos sábados. (G1 - 25/10/2007)

Kassab e a mídia

Kassab proíbe distribuir jornal no semáforo

Em outros pontos, o jornal precisará ter, no mínimo, 80% de "matérias jornalísticas", segundo lei sancionada pelo prefeito

Multa será de R$ 5.000; presidente da empresa que edita a "Gazeta de Santo Amaro" diz que lei "acaba com os jornais pequenos"

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma lei municipal sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) na semana passada proíbe a distribuição gratuita de panfletos, folhetos e até jornais nas ruas de São Paulo.
Nas esquinas com semáforos, a proibição é total. Em outros pontos, o jornal precisará ter, no mínimo, 80% de "matérias jornalísticas", de acordo com o texto da lei, para ser distribuído gratuitamente -percentual que pode inviabilizar a maioria dos jornais de bairro, que costumam ter mais da metade de seu espaço ocupado com propaganda...


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é polêmico. Depois de ter batido de frente com a publicidade na cidade, agora, sanciona essa Lei que diminui a publicidade em jornais gratuitos. Inicialmente, dois pontos ficam evidentes. Em primeiro lugar, é um contra-senso. Justamente por serem gratuitas, essas publicações dependem mais do que as convencionais das verbas de propaganda. Por outro lado, muitas dessas publicações (principalmente os jornais de bairro), que são ditas jornalísticas, chegam a apresentar até 70% do seu conteúdo na forma de publicidade.

Pensando no objetivo primário do jornalismo, que é a informação, a Lei aprovada em São Paulo também é contraditória. Isso porque, se por um lado faz com que 80% da publicação seja de conteúdo editorial, por outro, restringe e até proíbe a distribuição nas ruas, o que prejudica o acesso à informação.

O que fica dessa questão é que poderia haver mais bom senso no braço de ferro travado entre a mídia e o poder Executivo. Um veículo, para ser considerado jornalístico, precisa, sim, priorizar o conteúdo editorial, caso contrário, se transforma em um panfleto com eventuais matérias. E o poder Executivo, antes de adotar medidas que possam ser prejudiciais, deveria discutir com quem vai ser afetado.

Fonte: Folha de S. Paulo - 25/10/07

domingo, 21 de outubro de 2007

Juventude & Televisão - os digital natives







No site Observatório da Imprensa, Nelson Hoineff, publicou um artigo sobre a maior feira de conteúdo audiovisual do mundo, o Mipcom, que ocorreu em Cannes de 8 a 11 de outubro deste ano. Um dos temas discutidos na feira, foi o comportamento dos jovens com as novas tecnologias:

"Os números são impressionantes, ainda que previsíveis. Na Europa e nos EUA, os adolescentes de até 17 anos já trocaram a televisão pelas muitas mídias que surgiram depois que eles nasceram. São os chamados digital natives, as meninas e os meninos que nasceram na época digital. Para eles, mobilidade e conectividade não são conquistas tecnológicas recentes: são parte natural do mundo, como os automóveis ou a Coca-Cola. Também para estes jovens, o peer, construção do conteúdo pelo usuário, tem uma ética mais forte do que os meios que emanam da radiodifusão. Cerca de 32% dessa turma confia plenamente no que está sendo postado por outra pessoa, individualmente – tanto em blogs quanto em sites de compartilhamento. Sejam indicações culturais, informações objetivas ou relatos de experiências. A confiança no que está sendo dito pela mídia é bem menor.

O mundo do conteúdo televisivo dividiu-se em três partes, análogas a um animal estranho: a "cabeça", onde estão os programas das principais redes de televisão; a fat belly, barriga gorda, onde estão as emissoras menores porém massivas, como as principais redes de TV por assinatura; e a long tail, cauda longa, que é estreita e infinita e que abriga todo o demais conteúdo.
O que está derrubando o interesse dos jovens pela televisão é que a inteligência do meio não está na cabeça, mas na cauda. O cérebro dos grandes produtores e exibidores está produzindo variações pioradas do que é feito há 50 anos.

A televisão falsa, massificada, fundamentada na crença de que audiência é gado, será matéria de estudo pouco honroso para o meio que hoje tem a certeza que a fórmula do sucesso é nivelar tudo por baixo e reduzir ao mínimo o nível de exigência de quem está pagando a sua conta."












segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Nike lança tênis para índios dos EUA

Tênis atende requisitos de forma e largura dos pés dos nativos dos EUA. Para Nike, objetivo é 'promover a atividade física' entre os índios.


A fabricante de materiais esportivos Nike lançou na terça-feira (25) um tênis desenhado para os índios dos EUA. Segundo a empresa, o Nike Air Native N7 foi desenhado para atender os requisitos de forma e largura dos pés dos nativos norte-americanos, com design inspirado em sua cultura.



Foram necessários dois anos de pesquisa e desenvolvimento, em colaboração com a comunidade indígena, para chegar ao tênis atual, próprio para a prática de esportes e atividades físicas. O calçado estará disponível apenas para os nativos norte-americanos e não será vendido em lojas. Em comunicado, a Nike afirma que o tênis é "mais um passo para promover a atividade física e tratar de problemas de saúde na comunidade nativa norte-americana". "Nós acreditamos que a atividade física pode e deve ser uma parte fundamental da saúde e bem estar dos natives norte-americanos", afirma Sam McCracken, gerente do programa de negócios nativos da Nike. A renda obtida com a venda do Nike Air Native N7 vai ajudar os programas "Let Me Play", que promovem a prática de esportes em áreas indígenas. (G1 - 26/09/2007)
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Mídia interessante

Estava lendo sobre o vencedor do Nobel da Paz deste ano (Al Gore e Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU) e fiquei curiosa para ver o documentário (Uma verdade incoveniente - em inglês: An inconvenient truth) que ele - Al Gore - fez em 2006 e proporcionou o prêmio. Pesquisando, encontrei um texto crítico interessante sobre o documentário e o papel da mídia em relação a assuntos ambientais, que agora estão na moda - mas mesmo assim, nada é feito pela preservação da vida.

Algumas das partes do texto que mais me chamou a atenção são estes postados, que dão uma idéia sobre o papel que a mídia tem e não faz, de acordo com o autor (e eu concordo!), não explorando o assunto, já que os acontecimentos que mais dão "audiência", são outros.

O atrofiar das conseqüências, por Nelson Hoineff

"Dos muitos débitos que a mídia tem com a sociedade, o maior é o da banalização da notícia. Ao banalizar a informação, a mídia rejeita sua capacidade de fazer com que cada uma das pessoas que atinge, muito especialmente as milhões de pessoas que confundem reprodução com representação do real, tornem-se agentes de transformação da sociedade. (...) A mídia tem falhado grosseiramente, entre outras coisas, em despertar a consciência ecológica das pessoas. É uma questão supra-partidária, praticamente consensual. E no entanto a população da Terra continua dilapidando todos os dias a qualidade de vida na sua vizinhança, inviabilizando a possibilidade de vida futura no planeta. O aquecimento global é a mais recente fonte de preocupação ambiental em todo o mundo e o estarrecedor é que a consciência em torno do problema tenha se formado tão recentemente. (...) O calor dos argumentos de Al Gore corre o perigo de se derreter nesse formato, como as geleiras que se esfacelam no Ártico ou na Groenlândia. Mas a pertinência do que está sendo dito não se dissolve. Uma Verdade Inconveniente faz timidamente pela sobrevivência do planeta, o que a mídia poderia fazer numa escala gigantesca, de que nenhum filme é capaz. Desperta a consciência para a iminência da extinção da raça humana, que até bem recentemente os cientistas só esperavam para os próximos milhares de anos. Mostra que a qualidade de nossa vida no planeta vai piorar na semana que vem, e no próximo ano, e todos os dias. Essa não é uma invenção do protagonista – é um consenso científico. "

terça-feira, 9 de outubro de 2007

FIM DA TERNURA EM COLÉGIO DOS EUA




O afeto parece ser algo cada vez mais distante e, aliás, proibido nos Estados Unidos. Uma escola de ensino médio da periferia de Chicago baixou uma norma que proíbe os alunos de se abraçarem. O motivo: as longas "filas de abraço" organizadas na porta do colégio pelos próprios alunos. Para a diretora, elas atrasam e tumultuam a entrada dos 860 estudantes.


Interessante que a diretora, Victoria Sharts, estabelece até os momentos em que a manifestação de afeto deve ser feita. " O abraço é mais apropriado em aeroportos ou reuniões em família do que cada vez que se vê alguém conhecido pelo corredor". Outro ponto importante, para ela, é que os abraços são, acredite, "longos demais".


Esta proibição é algo chocante em um país que registra, todo os anos, inúmeros ataques dentro de escolas. As autoridades poderiam enxergar o abraço, tão recriminado em Chicago, como um dos caminhos para mudar a mentalidade dos jovens americanos. E esta mentalidade é a grande vilã dos Estados Unidos, que tentam entender o grande número de casos de violência nos centros de ensino.


Algo tão simples e de enorme necessidade na sociedade de hoje e, ao mesmo tempo, tão proibido, quase ilegal.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Elite da exposição

O filme "Tropa de Elite" tem chamado a atenção nos últimos dias por uma série de motivos. Entre as discussões que alavanca, podemos identificar a questão da pirataria (e dos direitos autorais), da banalização da violência, da transformação do cinema brasileiro em Hollywood e por aí vai.

Ainda não assisti ao filme, não fui uma das milhares de pessoas que se renderam à facilidade de baixar o filme em casa ou comprá-lo em uma banca de rua. Não estou entre as milhares de pessoas que fizeram do filme o enorme sucesso que é antes mesmo de ser lançado.

Não sei se vou assistir ao filme, mas tenho que admitir que, desde cedo, já tem a minha atenção. Por estar insistentemente aparecendo em todos os lugares, seja no Jornal Nacional, onde o os investidores (mesmo que veladamente) reclamam do vazamento, seja na capa de todos os sites ou na investida de Luciano Huck, um apresentador, como colunista da Folha. O filme está em todos os lugares e o que, a princípio, parece mais um artifício da mídia para prender a atenção, pode, no fim, significar que a mídia está sendo utilizada para gerar mais um fenômeno. Um usa ao outro? Não sei dizer ao certo. Mas, a essa altura, já não duvido de nada.

Se para nosso grupo é tempo de pensar a ternura em Época a Guerra está em pauta

Me chamou atenção em uma leitura dominical o clima de denúncia e a presença insistente do tema guerra nas páginas da revista Época.

De acordo com o veículo Philip Roth, escritor americano, afirma que George Bush é o pior presidente que os Estados Unidos já tiveram e a Guerra do Iraque é a principal prova disso. Alan Greenspan, ex-presidente do banco central americano, deixa escapar em seu livro que apesar de todos saberem é politicamente incoveniente admitir que a guerra do Iraque foi principalmente sobre petróleo.

Carl Bernstein, jornalista do Washington Post responsável pela renuncia de Nixon no escândalo sobre espionagem eleitoral, declara que o governo Bush foi catastrófico e que o sistema não se corrigiu, pois ele não foi responsabilizado.

Mas, enquanto algumas manifestações em favor da paz são asseguradas, aviões israelenses invadiram a Síria num ataque não assumido e não comentado oficialmente e o discurso de Sally Field, ganhadora do Emmy de melhor atriz com a personagem de Brothers and Sisters que seria mãe de um soldado enviado para o Iraque, foi descaradamente cortado pela Fox quando assim iniciou-se: "Se as mães dirigissem as guerras, não haveria mais..."

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Será que a mídia rendeu-se à ternura?



Mais uma garotinha está entre os destaques da mídia internacional. Desta vez, ao lado da inglesa Madeleine, está a chinesa Qian Xun Xue, de 3 anos. Ela foi abandonada pelo pais, em uma estação de trem na Austrália, e agora voltou ao país de origem para morar com a avó.


Mas, por que casos como estes têm chamado tanto a atenção da mídia espalhada pelo mundo?
Não acredito que o fato de serem crianças pesa no âmbito dos destaques da imprensa porque, se assim fosse, seriam necessárias 40 mil manchetes por ano, somente no Brasil. Isto mesmo. Todos os anos, 40 mil "madeleines" brasileiras simplesmente desaparecem. O número de crianças abandonadas em ruas e estações também não deve ser muito diferente.


Na verdade, Madeleine e Qian são uma espécie de embaixadoras das milhões de crianças que somem mundo afora. Uma pequena parte que representa o todo.


Ou será que a mídia rendeu-se à ternura?
Algum sentimento de pena, tristeza e indignação tomou conta de editores das mais diversas nacionalidades?

''''New York Times'''' deixa de cobrar por conteúdo na web

Nova York - O jornal The New York Times deixou, desde ontem, de cobrar pelo acesso a algumas partes de seu website, que agora é inteiramente gratuito. A iniciativa foi tomada dois anos depois do lançamento do programa de assinaturas TimesSelect, que cobrava US$ 49,95 por ano ou US$ 7,95 por mês pelo acesso aos textos dos colunistas e aos arquivos. O TimesSelect era gratuito para assinantes da versão em papel e alguns estudantes e educadores.

Além de abrir o site inteiro, o Times disponibilizou gratuitamente os arquivos a partir de 1987, assim como o material editado de 1851 a 1922, que está em domínio público. Parte do material do período de 1923 a 1986 será cobrada. O jornal afirmou que o TimesSelect atendeu às expectativas, atraindo 227 mil assinantes - de um total de 787 mil leitores com acesso ao programa -, com uma renda anual de cerca de US$ 10 milhões.

"Mas nossas projeções de crescimento dessa base de assinantes eram baixas em comparação com o crescimento da publicidade online", disse Vivian L. Schiller, vice-presidente e diretora do site NYTimes.com.

A mudança, afirmou o jornal, foi que muito mais leitores estavam chegando ao site vindos de portais de busca e links em outras páginas, em vez de acessar diretamente o NYTimes.com. Esses leitores indiretos, sem acesso aos artigos cobrados e menos propensos a pagar taxas de assinatura do que os leitores diretos e mais leais, foram vistos como oportunidades para mais visitas e mais receitas com publicidade. "O que não esperávamos era que uma parte tão grande de nosso tráfego seria gerada pelo Google, Yahoo e outros sites", disse Vivian.

O NYTimes.com recebe cerca de 13 milhões de visitantes únicos por mês, segundo a Nielsen/NetRatings - muito mais que qualquer outro site de jornal. Vivian não informou qual é a expectativa do jornal de aumento do tráfego e da receita com publicidade em conseqüência do fim da cobrança. Quem pagou adiantado pelo acesso ao TimesSelect será reembolsado proporcionalmente.

Colby Atwood, presidente da empresa de pesquisa de mídia Borrell Associates, disse que sempre houve razões para questionar o modelo pago de sites de notícias e que as dúvidas aumentaram com o tráfego e a renda da publicidade online.

"O modelo da receita com publicidade, comparado à renda com assinantes, é muito mais atraente", disse. "O modelo híbrido tem algum potencial. No longo prazo, porém, a parte de publicidade predominará." Além disso, segundo ele, o Times tem sido especialmente hábil no uso das informações recolhidas sobre os leitores online para direcionar anúncios especificamente a eles, aumentando seu valor para os anunciantes.

WALL STREET

O Wall Street Journal, publicado pela Dow Jones & Company - recentemente comprada pela News Corp. -, é o único grande jornal dos EUA que cobra pelo acesso à maior parte de seu website - cobrança que começou em 1996. O Journal tem quase 1 milhão de leitores online pagantes, rendendo cerca de US$ 65 milhões. Esse modelo, porém, também parece estar com os dias contados. Na terça-feira, o presidente da News Corp., Rupert Murdoch, disse estar inclinado a tornar gratuito o serviço online do jornal, embora não tenha fixado uma data para isso acontecer. "Parece ser esse o caminho para o qual estamos indo", disse Murdoch a investidores em uma conferência em Nova York.

O Financial Times cobra pelo acesso a materiais selecionados online, como fazia o New York Times. O Los Angeles Times, por sua vez, experimentou esse modelo em 2005, cobrando pelo acesso à seção de artes, mas o abandonou rapidamente ao constatar uma queda brusca no tráfego online. (Estado de S.P - 20/09/07)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

TV Digital

"TV digital vai estrear para ninguém", diz diretor da TVA

No dia 2 de dezembro de 2007, quando a TV aberta brasileira estrear oficialmente sua transmissão digital em São Paulo, haverá menos de 1.000 pessoas --numa cidade com cerca de 11 milhões-- assistindo aos programas em alta definição. Para Virgílio Amaral, diretor de Estratégia e Tecnologia da TVA, este é o quadro mais otimista para início da TV digital no Brasil.
"Vai ser uma estréia para ninguém", diz Amaral, especialista no setor e responsável pela digitalização da TVA. Para ele, a TV digital deve estrear mesmo no ano que vem, turbinada pela transmissão dos Jogos Olímpicos de Pequim. "Não vejo de forma ruim este começo. Afinal, a TV digital vai depender de um processo de aculturamento", pondera.



Divulgação Aparelhos Full HD, como este da Sharp, poderão receber imagem em alta definição total, de 1.080 linhas


Para pegar freqüência digital, o telespectador precisará de um aparelho com set-top box (conversor) avulso ou embutido. Se quiser a imagem mais nítida possível, de 1.080 linhas horizontais, terá de comprar um televisor do tipo Full High Definition. Os preços para este tipo de eletrodoméstico começam na casa dos R$ 7 mil, sem set-top box acoplado.
"Muita gente acha que ter uma TV de plasma ou LCD qualquer com um receptor digital embutido já dá para receber o melhor conteúdo em alta definição, quando, na verdade, você precisa de uma Full HD para ter a alta definição total", explica Amaral.
Tanta resolução foi, segundo o governo, um dos principais aspectos para o Brasil escolher o padrão japonês de TV digital (ISDB-T), em detrimento do europeu (DVB), que daria mais opções de canais e de interatividade.


O set-top box, decodificador que receberá o sinal tanto para TVs analógicas quanto digitais, estará a venda já no mês que vem. Seu preço segue nebuloso --governo e indústria cantam em acordes diferentes, oscilando o custo de prateleira de R$ 200 a R$ 800.
Aparelhos com set-top box embutido também chegam ao mercado em novembro. LG e Samsung já confirmaram a entrada neste setor. Outras empresas, como Panasonic e Aiko apostarão nos conversores. A lógica é de que haverá mais mercado para as caixas receptoras do que para novos televisores.
A chance da imagem em alta definição total se transformar num boto tecnológico é alta. "O consumidor que procura uma TV hoje avalia dois aspectos: quantas polegadas tem o aparelho e qual seu preço. Ao consumidor médio, pouco importa esses aspectos mais técnicos", diz o diretor da TVA.
Assim como o diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal, ele aposta que o governo precisará expandir seu cronograma de implantação da TV digital. Segundo o ministério das comunicações, o sinal analógico será cortado até 2016, e daí em diante só haverá transmissão digital. Assim como a estréia da TV digital em dezembro, esta seria uma outra data meramente simbólica.


Eterno retorno

Reprodução
Como quase ninguém assistirá à bela imagem da TV digital em sua estréia, supermercados, shoppings, lojas de eletrônicos e até emissoras já começaram a expor TVs Full HD com programação digital de teste pela cidade.
"Isso lembra a estréia da TV a cores. Naquela época, eu só conseguia ver [a novela] 'Bem-Amado' colorida se fosse numa loja. O problema é que ela começava de noite, quando os estabelecimentos já estavam fechando", brinca Amaral, que assistirá à estréia da TV digital em alta definição de sua casa.
Neste sentido, a digitalização da TV aberta lembra ainda as primeiras transmissões televisionadas no país, que fizeram neste mês aniversário de 57 anos.
Na época, Assis Chateaubriand, dono da TV Tupi, distribuiu 200 aparelhos entre lugares estratégicos e mais abastados da capital paulista. Curiosidade: para cumprir o cronograma, Chatô precisou contrabandeá-los dos EUA. (Folhaonline - 25/09/2007)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ternura
Vinicius de Moraes
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar [ extático da aurora.

Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.

domingo, 16 de setembro de 2007

Unpersonal amigo

Há alguns anos, com a preocupação do culto ao corpo, surgia uma profissão: o personal trainer, um profissional de educação física que se encaixa nos horários dos clientes e realiza um programa personalizado de exercícios. Não muito tempo depois, já se ouvia falar do personal stylist, alguém especializado em como se vestir adequadamente para as diversas ocasiões. Supérfluos para alguns, indispensáveis para outros.

Mas, o que você pensaria se encontrasse esse anúncio na internet:

Você sente falta de alguém para conversar? Alguém para lhe ouvir quando precisa desabafar? Para ficar ao seu lado quando se sente só? Alguém para lhe fazer companhia para ir ao cinema, a um restaurante ou dar uma caminhada?

Se eu puder lhe ser útil de alguma das formas citadas, ligue-me!


Pois é, agora existe o personal amigo! Mediante o pagamento de uma taxa, qualquer um pode ter seu vazio preenchido. Será que a temida solidão agora tem um remédio? No more lonely nights?

Como seria então, esse amigo pago? Será que ele pode tornar-se pessoal mesmo, como aquele que te conhece há anos e sabe do seu estado de espírito só de olhar pra você? Tudo parece tão contraditório nessa profissão! Não creio que seja possível substituir amigos reais por amigos pagos, afinal, como qualquer relacionamento, amizade é troca, e não por moeda, troca-se atenção, ajuda, companheirismo, opinião. Pagar alguém para ser meu amigo parece tão unpersonal. Como reagiria o cliente quando o amigo pago estiver meio, sei lá, sem vontade de sair? Precisando de alguém pra conversar? E quando o cliente discordar em algo do amigo pago? Como é que fica? Dá pra pedir desculpas e sair pra tomar uma cerveja, na boa? Posso abraçar meu amigo pago?

É dificil não perguntar a que ponto chegamos. Quando nos tornamos incapazes de nos vestir sozinhos e de nos relacionar? Numa sociedade em que tudo vira produto, até mesmo algo tão precioso, tão cantado em versos, pode ser escolhido no meio de anúncios na internet. No livro “O direito à ternura”, Luis Carlos Restrepo, constata: “...sofremos uma terrível deformação, um pavoroso empobrecimento histórico que nos levou a um nível jamais conhecido de analfabetismo afetivo...sabemos somar, multiplicar e dividir, mas nada sabemos de nossa vida afetiva, razão pela qual continuamos exibindo grande entorpecimento em nossas relações com os outros”

Talvez essa nova profissão nos leve a questionar do que realmente precisamos. Como curar nosso analfabetismo afetivo. Sim, porque, se há pessoas que pagam por um amigo, é porque a necessidade existe. Todo ser humano precisa do contato, necessita relacionar-se, compartilhar alegrias e tristezas, não fomos criados para ser sozinhos. Mas pagar por um amigo resolverá a questão? Pode até ser que dessas amizades pagas, surja uma verdadeira, mas será que não devemos baixar a guarda, enxergar nossa humanidade e demonstrar nossas limitações e fraquezas para nos aproximar uns dos outros? É exatamente em nossa singularidade que reside a riqueza humana, que torna a proximidade possível e a amizade real.

Cultivar amigos é tê-los por toda a vida, gratuitamente e de verdade. Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Até onde vai o poder?



http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1902617-EI7896,00.html

A absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros, é intrigante. Não vou entrar aqui no mérito da decadência moral ou da falta de credibilidade das instituições brasileiras. A questão é mais abrangente e me leva a questionar qual é o real poder da mídia.

Dias antes da votação, apesar do "pé no chão" de muitos, grande parte dos veículos de comunicação, especialmente os de grande circulação, publicaram matérias que, se não davam a cassação como certa de maneira aberta, certamente apontavam todos os indícios de que esse era o caminho natural na votação de quarta-feira.

A Folha de S. Paulo chegou ao requinte de publicar uma enquete feita pela sua reportagem e que apontava que 41 senadores votariam pela cassação e apenas 10 seriam contra. Diante do resultado, seria um problema de má fé dos entrevistados, ou uma tentativa (frustrada) de pressão por parte do jornal?

O que parece ficar deste episódio (assim como do Mensalão e tantos outros) é que, se a mídia, no Brasil, um dia já foi capaz de derrubar presidentes, hoje se encontra em algum estágio abaixo dos três primeiros poderes. A ordem de força se inverte de tempos em tempos, mas, ultimamente, a mídia parece estar perdendo potência.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mídias: um mal necessário

Como trabalho/tema para o mini-seminário de nosso grupo, escolhemos analisar dois filmes, fazendo críticas da própria mídia e analisando o poder de manipulação que ela tem para com as pessoas, seja negativa ou positivamente.

Aproveitando o assunto, pergunto: será que a publicidade e a propaganda têm o poder de mudar a sociedade? No filme Idiocracy – um filme bobo, mas inteligente a certo ponto, isso é possível.

Para entender o comentário, primeiro uma sinopse do filme, de 2006: Escrita com sarcasmo incisivo e piadas visuais hilárias, Idiocracy é uma divertida comédia que fará as pessoas pensarem duas vezes sobre o futuro da raça humana. Joe Bowers não é de modo algum o cara mais brilhante do pedaço, mas quando uma experiência governamental com hibernação cai no esquecimento, Bowers acorda no ano de 2505 e encontra uma sociedade tão emburrecida pelo comercialismo de massa (propagandas) e pela alienação da programação de Tv, que ele acaba sendo a pessoa mais inteligente do planeta. Assim, cabe a um cara pra lá de mediano colocar a evolução da raça humana de volta nos trilhos.

Claro que o filme é uma ficção, mas se a sociedade e a mídia não “entrarem em sintonia”, as pessoas podem ficar alienadas, a ponto de não terem mais discernimento entre o que é certo ou errado, bom ou ruim para elas próprias e nem mesmo ter limites.

A película é como se fosse um alerta para as pessoas verem como tudo pode ser destruído sem a educação e com a manipulação das mídias, mas também, elas não são as únicas vilãs no mundo das comunicações ou da educação: vários fatores entram em comunhão, fazendo delas um mal necessário. Cabe aos comunicadores, saber como usá-las.


Cena do filme Idiocracy

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

TV para crianças: vilã ou educadora?




Uma pesquisa feita pela Universidade de Otago, na Nova Zelândia, apontou que as crianças que assistem a mais de duas horas de televisão por dia, enquanto cursam a escola primária, têm mais dificuldade de concentração quando chegam ao ensino secundário do que aquelas que assistem pouca televisão.

Parece-me que a TV não possui todo esse potencial de educar as crianças no mundo globalizado, em que os pais não têm tempo de acompanhar de perto o desenvolvimento infantil. Usando dados deste levantamento, é possível notar as diversas falhas ainda existentes na mídia, com relação a educar, transmitir cultura. O problema estaria no momento e na forma como estas informações são repassadas aos pequenos que, até então, estão reconhecendo o ambiente em que crescem.

O estudo da universidade neozelandesa indica ainda que os danos provocados pela televisão nas crianças são duradouros. Há uma interferência direta na atenção delas.

O fato é que ao freqüentar a escola, os pequenos passam a se deparar com uma nova forma de absorção de conhecimento. Talvez até muito mais entediante do que quando assiste à TV. Em alguns casos, as crianças admitiram deixar de fazer a lição de casa porque os programas da televisão agradam mais.

Os pesquisadores ouviram 1.037 crianças de cinco a 15 anos de idade. O estudo foi publicado na revista médica Pediatrics.

Fonte: jornal Diário de Açores (Portugal)
http://www.da.online.pt/

Mídia e Poder, por Marilena Chauí

Artigo - Site da FENAJ - Federação Nacional Dos Jornalistas25/09/2006 20:05
Mídia e poder
*Marilena ChauíI.

O poder da mídia: aspectos gerais

Podemos focalizar a questão do exercício do poder pelos meios de comunicação de massa sob dois aspectos principais: o econômico e o ideológico.

Do ponto de vista econômico, os meios de comunicação são empresas privadas, mesmo quando, como é o caso do Brasil, rádio e televisão sejam concessões estatais, pois estas são feitas a empresas privadas. Ou seja, os meios de comunicação são uma indústria (a indústria cultural) regida pelos imperativos do capital. Tanto é assim que, sob a ação da forma econômica neoliberal ou da chamada globalização, a indústria da comunicação passou por profundas mudanças estruturais, pois “num processo nunca visto de fusões e aquisições, companhias globais ganharam posições de domínio na mídia.” Além da forte concentração (os oligopólios beiram o monopólio), também é significativa a presença, no setor das comunicações, de empresas que não tinham vínculos com ele nem tradição nessa área. O porte dos investimentos e a perspectiva de lucros jamais vistos levaram grupos proprietários de bancos, indústria metalúrgica, indústria elétrica e eletrônica, fabricantes de armamentos e aviões de combate, indústria de telecomunicações a adquirir, mundo afora, jornais, revistas, serviços de telefonia, rádios e televisões, portais de internet, satélites, etc. Essas mudanças nos fazem compreender que o poder econômico, graças ao qual os meios de comunicação instituem o espaço e o tempo públicos, não é exercido por agentes que deliberam e agem em vista de seus próprios interesses e fins particulares. Como observam com grande pertinência Maria Rita Kehl e Eugênio Bucci, o sujeito do poder não são os proprietários dos meios de comunicação nem os Estados nem grupos e partidos políticos, mas simplesmente (e gigantescamente) o próprio capital. O poder midiático, escrevem eles, é um “mecanismo de tomada de decisões que permite ao modo de produção capitalista, transubstanciado em espetáculo, sua reprodução automática”. Os proprietários dos meios de comunicação são suportes do capital. Evidentemente, não se trata de negligenciar o poder econômico dos senhores dos conglomerados midiáticos nem sua força para produzir ações ou efeitos sociais, políticos e culturais. No entanto, num nível mais profundo, trata-se de compreender, como mostram as análises de Kehl e Bucci, que essas ações exibem poder, mas não o constituem, pois sua constituição encontra-se no modo de produção do capital.

Do ponto de vista ideológico, podemos tomar como referência a afirmação de Claude Lefort de que a ideologia contemporânea é uma ideologia invisível. A ideologia burguesa, diz Lefort, tinha a peculiaridade de indicar quem eram seus autores ou agentes, era proferido do alto e pretendia ser discurso sobre o social e para o social. A ideologia contemporânea é invisível por que não parece construída nem proferida por um agente determinado, convertendo-se num discurso anônimo e impessoal, que parece brotar espontaneamente da sociedade como se fosse o discurso do social: Assim como o poder econômico aparece localizado nos proprietários das empresas da indústria da comunicação, mas é o poder ilocalizado do capital, assim também, mas de maneira invertida (já que estamos no campo da ideologia), as representações ou imagens que constituem a ideologia aparecem desprovidas de localização, embora estejam precisamente localizadas nos centros emissores da comunicação. Penso que a ideologia invisível só se torna compreensível como exercício de poder se a considerarmos por um outro prisma, aquele que temos denominado com a expressão ideologia da competência. Ou seja, a peculiaridade da ideologia contemporânea está no seu modo de aparecer sob a forma anônima e impessoal como discurso do conhecimento e sua eficácia social, política e cultural funda-se na crença na racionalidade técnico-científica.

De fato, por meio do aparato tecnológico, da atopia e da acronia, e dos procedimentos de encenação e de persuasão, os meios aparecem com a capacidade mágica de fazer acontecer o mundo. Ora, essa capacidade é a competência suprema, a forma máxima do poder: o de criar a realidade. E esse poder é ainda maior (igualando-se ao divino) quando, graças a instrumentos técnico-científicos, essa realidade é virtual ou a virtualidade é real.

* Conferência proferida no 32º Congresso Nacional dos Jornalistas, em Ouro Preto (MG), em 05/07/2006.

domingo, 9 de setembro de 2007

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O fotojornalismo e a era digital

Na sua nova era, a fotografia visa continuar produzindo imagens artísticas sem deixar de aproveitar os recursos.

Embora as novas tecnologias tenham trazido vantagens no campo fotográfico, no que diz respeito à qualidade da imagem, e a oportunidade de vencer o tempo e o espaço com maior rapidez e comodidade, as questões ligadas à manipulação digital de imagens são talvez as mais relevantes para o fotojornalismo atual. Se, anteriormente, os recursos utilizados eram feitos à mão, agora entra a máquina como instrumento de auxílio ao homem na elaboração da fotografia de imprensa, atingindo objetivos positivos e consequentemente lucros significativos para a imprensa jornalística. Um jornal que antes dependia da revelação, ampliação e edição das imagens para publicá-las, hoje pode obter um resultado mais eficaz e veloz, aumentando seus exemplares devido ao menor tempo requerido para a elaboração do jornal. A instantânea visualização das imagens digitalizadas através de softwares também auxiliou no processo de edição de um jornal impresso.

O jornal impresso e a fotografia digital

Rompendo a barreira da realidade virtual podemos conferir em tempo real, nas redações ou nos sites das agências de notícias, informações visuais de todos os cantos do mundo por um custo quase zero. Ou criar imagens surreais na mesma velocidade.

A imagem digital veio pra ficar, e não para substituir o que já foi conquistado, isso para facilitar a vida do fotógrafo, agregando novos valores. Portanto é mais uma técnica, um recurso de linguagem que devemos aprender e usufruir em todos os seus aspectos.

A respeito de toda essa tecnologia, podemos pronunciar que a fronteira final fotográfica ainda não foi atingida e a boa fotografia, independente da mídia utilizada, ainda demanda luz, sensibilidade de intelecto criativo do fotógrafo.